terça-feira, 14 de junho de 2011

Anemia: deficiência de ferro pode causar graves problemas ao futuro das crianças


O ferro é um mineral que participa no transporte e utilização do oxigênio para a produção de energia, essencial no crescimento e desenvolvimento do organismo. A capacidade do corpo humano de absorvê-lo é de apenas 40%, mas cerca de 90% desse mineral é recuperado e reutilizado frequentemente. As principais fontes de ferro nos alimentos vêm de origem animal e vegetal: carne de porco, peixe, feijão, frutas secas e pão de trigo são alguns exemplos.

A falta desse importante mineral pode causar anemia. Mas as crianças são as mais afetadas, pois o não tratamento da anemia pode causar graves problemas de crescimento. O Dr. Francisco Plácido Nogueira Arcanjo, doutor em pediatria pela Universidade Federal de São Paulo, explica o que a deficiência de ferro na infância pode causar na vida adulta.

Quais são os riscos que a deficiência de ferro pode causar às crianças?

A deficiência de ferro pode levar à anemia, com as consequências que ela pode ocasionar: atraso no crescimento e desenvolvimento, possibilidade de atraso cognitivo e motor, podendo no futuro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), levar à formação de um capital humano não qualificado.

Estudos mostram que a deficiência de ferro com anemia, nos primeiros anos de vida, pode levar a atrasos cognitivos que persistem mesmo após o tratamento da anemia.

O que acontece se a anemia não for tratada corretamente?

A anemia poderá levar a atraso no desenvolvimento motor e cognitivo, inapetência, astenia, picafagia (hábito de ingerir produtos estranhos não usuais como gelo, esponja, areia, entre outros). Em adultos pode ocorrer a diminuição da produtividade do trabalho, e em mulheres grávidas há o aumento do risco de sangramentos, partos prematuros e bebês com baixo peso, além de aumento da mortalidade perinatal.

Como evitar que a situação chegue a este ponto?

Estima-se que existam 293 milhões de crianças menores de cinco anos com anemia no mundo. No Brasil, temos 20,9% de crianças menores de cinco anos e 29,4% das mulheres em idade fértil com anemia.

A diminuição desse quadro depende de políticas públicas de enfrentamento da anemia como um problema de saúde pública. Comumente, a anemia é colocada como um mal menor e não valorizada como um problema que possa ter consequências para a vida das pessoas. Estratégias de fortificação de alimentos usados pelos grupos mais atingidos, que são as crianças e mulheres adultas, têm levado a grandes diminuições das taxas de anemia. Experiências de fortificação da merenda escolar ou alimentos básicos (como o arroz) têm mostrado importantes avanços na prevenção e tratamento da anemia.

Qual é o melhor método de prevenção?

A OMS defende que a prevenção e tratamento da anemia devem levar em consideração três abordagens: educação alimentar com alimentação diversificada, levando a uma boa ingestão de alimentos ricos em ferro e de boa biodisponibilidade (absorção); suplementação de ferro através de medicamentos, quando houver indicação médica; e fortificação de alimentos com ferro, adicionando compostos que contenham ferro a alimentos habitualmente consumidos pela população.

O uso de suplementos de ferro auxilia ou atrapalha?

Os suplementos de ferro ajudam no tratamento da anemia, mas não são suficientes em termos de saúde pública para manutenção de uma população sem anemia. Eles necessitam ser acompanhados de educação alimentar, com ingestão de alimentos variados e ricos em sais de ferro, além de fortificação de alimentos com o mineral. Em nível individual, é a conduta de eleição para o tratamento da anemia.

Como notar que a criança está com falta de ferro no organismo?

Presença de anorexia, astenia (uma fraqueza do corpo, sem perda real da capacidade muscular), irritabilidade, hipoatividade, além de palidez cutaneomucosa presente. Porém, a palidez não é um método totalmente confiável para diagnosticar anemia, pois a cor da criança não permite uma observação segura. A melhor maneira de diagnosticar a deficiência de ferro e anemia é através de exame de sangue: ferritina (proteína encontrada no fígado) e/ou receptor de transferrina (glicoproteína que faz o transporte do ferro para medula, baço e fígado), para diagnosticar a deficiência desse mineral, e hemoglobina, para diagnóstico da anemia.


Fonte: UOL

Por, Aline Medeiros

efeitosaude@yahoo.com.br

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