Os testículos fazem parte do órgão reprodutivo masculino e são responsáveis pela produção de de testosterona (hormônio sexual masculino) e espermatozóides.
O câncer nessa região pode atacar as células germinativas (que produzem os espermatozóides) ou as que fabricam os hormônios.
"Geralmente acomete as germinativas", diz o urologista Ricardo Cremer, do Hospital Norte D’Or, no Rio de Janeiro.
A doença atinge de três a cinco indivíduos para cada grupo de 100 mil, com o agravante de maior incidência em adultos jovens, entre 15 e 50 anos. Entre os tumores malignos do homem, 5% são nos testículos, apontam estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Quando comparado com outros cânceres masculinos, como o de próstata, apresenta baixo índice de mortalidade. Segundo dados do Inca, em 2009 foram registrados 11593 casos, com 257 mortes.
“De qualquer maneira, a doença assusta, principalmente por envolver o sistema reprodutor”, diz o oncologista Victor Araújo, diretor médico do Centro Oncológico de Niterói (CON).
E também gera dúvidas em relação à potência sexual e fertilidade, como demonstrou o personagem André, vivido pelo ator Lázaro Ramos, na novela Insensato Coração, da Globo, que acabou de receber o difícil diagnóstico. O designer fica abalado, pois sempre teve uma vida sexual movimentada e começa a se questionar sobre os motivos que o levaram a ter a doença e como será a vida após a retirada do tumor.
“Esse tipo de tumor não deixa o homem impotente ou infértil. Além disso, é considerado um dos mais curáveis, principalmente quando detectado em estágio inicial”, tranquiliza Araújo.
Não existem fatores de risco conhecidos. Mas como não há meio de evitar esse tipo de câncer, recomenda-se o auto-exame mensal dos testículos. "Na infância, é importante o exame do pediatra para verificar se a descida dos testículos para a bolsa escrotal ocorreu normalmente. Afinal, a doença pode estar associada a criptorquidia (quando o testículo não desce para a bolsa escrotal)", explica Cremer.
Só que é preciso atenção, pois na faixa etária em que costuma acontecer, há chance de ser confundido, ou até mesmo mascarado, por orquiepididimites (inflamação dos testículos e dos epidídimos, canais localizados atrás do testículo e que coletam e carregam o esperma) geralmente transmitidas sexualmente.
O sintoma mais comum é o aparecimento de um nódulo duro, indolor, do tamanho de uma ervilha. Mas deve-se ficar atento a outras alterações, como aumento ou diminuição no tamanho dos testículos, nódulos ou endurecimentos, dor imprecisa na parte baixa do abdome, sangue na urina e aumento ou sensibilidade dos mamilos. Caso sejam observadas alterações, o médico, de preferência um urologista, deve ser consultado.
O auto-exame dos testículos deve ser feito uma vez por mês, após um banho quente. O calor relaxa o escroto e facilita a observação de quaisquer anormalidades em tamanho, sensibilidade ou densidade.
O que procurar? De acordo com o Inca, é preciso observar alteração do tamanho dos testículos; sensação de peso no escroto; dor imprecisa na parte inferior do abdome ou na virilha; derrame escrotal, caracterizado por líquido no escroto; dor ou desconforto no testículo ou escroto.
Caso palpe qualquer massa que não tenha sido verificada anteriormente, procure o médico. A alteração encontrada pode significar somente uma infecção. Porém, no caso de um tumor o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura.
“Uma vez diagnosticado, o tratamento é cirúrgico. Trata-se de um procedimento bem simples para a retirada do testículo. No momento da cirurgia ou após, pode-se colocar uma prótese para substituir o órgão retirado”, diz Araújo. Com isso, porém, há diminuição no nível de testosterona e de espermatozóides. Geralmente o testículo contra-lateral supre essa falta.
"Caso não se consiga manter o nível adequado de testosterona, há possibilidade de reposição hormonal", completa Cremer.
O tratamento posterior poderá ser radioterápico, quimioterápico ou por meio de controle clínico. A complementação dependerá de investigação, que avaliará a presença ou a possibilidade de disseminação da doença para outros órgãos.
Atualmente, os tratamentos contra o câncer trazem aumento considerável de expectativa e de qualidade de vida. Com isso, na grande maioria dos casos, esses pacientes retomam suas rotinas normalmente.
“No entanto procedimentos como a quimioterapia e a radioterapia têm um efeito nocivo sobre o aparelho reprodutor, podendo causar infertilidade transitória ou permanente”, diz o médico Paulo Gallo, especialista em reprodução assistida e diretor médico do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or, no Rio de Janeiro. Por esse motivo, existe uma preocupação cada vez maior com a orientação antes de se iniciar o combate ao câncer.
“O congelamento de sêmen é um dos procedimentos indicados, feito antes do paciente se submeter ao tratamento. É feito o congelamento em vários lotes para serem usados no futuro em inseminação intra-uterina ou fertilização in vitro. Após a recuperação, é feito um novo exame para avaliar se houve realmente comprometimento da produção ou da qualidade dos espermatozóides e considerar se haverá necessidade de manter o sêmen estocado”, explica o médico.
Fonte: Saúde IG
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