Peixes e frutos do mar estão ameaçados pela radioatividade em torno da usina nuclear de Fukushima, no Japão, e podem contaminar quem os ingerir. Por conta disso, especialistas recomendam consumir apenas peixes de procedência conhecida.
A situação deve ficar ainda pior, agora que a usina planeja despejar 11 mil toneladas de água radioativa no oceano Pacífico.
A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina, argumenta que não há alternativa. O espaço ocupado pela água contaminada seria necessário para armazenar outro estoque de água, que inunda os reatores 1, 2 e 3 e dificulta o trabalho de resfriamento deles.
A água que deve ser despejada no mar é cem vezes mais radioativa do que o permitido, contudo ainda é bem menos contaminada que o estoque dos reatores ameaçados.
“Os átomos afetados são capazes de contaminar peixes e frutos do mar. Se ingeridos, esses alimentos se tornarão fontes de radioatividade no corpo”, afirma Antônio Carlos Fontes dos Santos, professor do laboratório de colisões atômicas e moleculares da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O tamanho do estrago vai depender do nível de contaminação do peixe. Pequenas doses de radiação causam náuseas seguidas de vômito e também afetam o sistema digestivo.
“As alterações digestivas são frequentes porque esse tecido é muito sensível”, afirma Artur Malzyner, oncologista dos hospitais Albert Einstein e Edmundo Vasconcelos.
Se a contaminação for maior, a medula óssea pode ser atingida. Ela é muito vulnerável à radiação e pode causar anemia, afetando todo o sistema imunológico. “Os tecidos do aparelho reprodutor também são sensíveis, a pessoa pode se tornar estéril”, alerta o médico.
Caso a ingestão de peixes contaminados continue, outros órgãos podem ser afetados. A tireoide, glândula na região do pescoço, corre o risco de desenvolver tumores malignos. Pulmões também serão atingidos. Por último, o sistema nervoso.
A contaminação por radioatividade, a partir dos níveis mais elevados, pode ser fatal. “As opções de tratamento são apenas contra os sintomas, para evitar que a pessoa com vômito e náuseas fique fraca demais e corra risco de morrer, por exemplo”, conta o oncologista.
Também é preciso usar iodo, entre outros recursos, para evitar que a pessoa contaminada transmita radioatividade e contamine mais pessoas. “Existem técnicas experimentais usadas para isolar o efeito da radiação. Elas estão sendo testadas na radioterapia para, por exemplo, proteger o sistema nervoso em tratamentos contra tumor na faringe. Mas o proveito disso seria pequeno no âmbito de uma tragédia ambiental”, avalia.
Não adianta fritar
Se o peixe estiver contaminado, não adianta fritar ou cozinhar, radioatividade é algo mais complicado. A solução é descartar o alimento.
Peixes contaminados têm o mesmo aspecto de peixes saudáveis. Para detectar a contaminação é preciso usar um detector Geiger, que capta a emissão de radiação.
Além disso, é possível que a contaminação se espalhe para regiões distantes do Japão. Isso pode acontecer por causa da cadeia alimentar presente no oceano somado à migração dos animais. Ou seja, peixes contaminados podem ser ingeridos por outros peixes maiores, que cumpram jornadas longas de migração e se reproduzam em áreas distantes da costa japonesa.
O Brasil não importa uma quantidade relevante de peixe do Japão – apenas 30% do pescado consumido aqui vem de outros países e a maior parte desse total vem do Chile, da Noruega e da Argentina. Ainda assim, especialialistas recomendam comprar apenas peixes de procedência conhecida, mesmo em restaurantes.
Fonte: Saúde IG
Por, Aline Medeiros
efeitosaude@yahoo.com.br
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