Revisão de estudos publicada por médica brasileira mostra que programas estruturados são melhores do que o aconselhamento médico
Pessoas com diabetes tipo 2 tiveram uma queda maior da glicemia (taxa de glicose no sangue) por meio de um programa estruturado de exercícios do que com o simples aconselhamento médico sobre atividades físicas.
Os dados são de uma recente revisão de testes clínicos liderada por uma pesquisadora brasileira. Após a análise dos resultados de 47 ensaios clínicos randomizados, a equipe de pesquisa constatou que a prática de exercícios físicos por períodos mais longos foi mais eficaz na redução da taxa glicêmica do que a realização de exercícios mais intensos.
“Pessoas com diabetes tipo 2 deveriam praticar exercícios de forma regular, de preferência em um programa com supervisão. Se tais pacientes conseguissem realizar mais de 150 minutos semanais de treino, os benefícios seriam maiores para o controle da glicemia. Entretanto, se não for possível alcançar esta meta semanal, exercícios em menor quantidade também são benéficos”, disse Beatriz Shaan, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e autora do estudo.
Os ensaios clínicos incluídos na análise atual foram realizados com mais de 8.500 participantes. Para o estudo, foi utilizado o teste de dosagem da hemoglobina A1C (HbA1C) para avaliar a eficácia do tratamento determinado.
O teste de A1C é uma medida de controle do açúcar no sangue em longo prazo. Ele oferece uma média da taxa de glicemia em um período de dois a três meses, com resultados expressos em termos de percentual. Geralmente, o resultado inferior a 6% é considerado normal. Os diabéticos costumam apresentar níveis mais altos que este. A Associação Americana do Diabetes recomenda que os diabéticos se esforcem para baixar a taxa de A1C para menos de 7%.
De acordo com o estudo, as recomendações atuais para as pessoas com diabetes tipo 2 é de pelo menos 150 minutos semanais de atividades aeróbicas de intensidade moderada, e treino de resistência, como musculação, três vezes por semana.
“Sempre dizemos aos pacientes, mesmo aos não diabéticos, sobre a importância dos exercícios físicos. Mas, não oferecemos uma visão mais estruturada de como realizá-los. Seria bom se pudéssemos prescrever aos nossos pacientes um programa de exercícios a ser seguido”, disse Joel Zonszein, diretor do centro clínico do diabetes do Montefiore Medical Center, de Nova York.
A análise atual comparou um grupo de pessoas com diabetes tipo 2 que participou de um programa estruturado de exercícios a um grupo controle que apenas foi aconselhado em relação à prática de exercícios. O programa deveria oferecer exercícios planejados e individualizados, com supervisão.
De acordo com o estudo, os participantes do segundo grupo foram aconselhados a realizar exercícios e receberam instruções de como realizá-los, mas não participaram de um programa com supervisão, ou participaram apenas parcialmente de um programa deste tipo.
Os participantes do primeiro grupo realizaram exercícios aeróbicos e treinamento de força, apresentando uma queda no teste A1C de 0,67% superior em relação ao grupo controle. Além disso, os programas de exercícios estruturados com duração de mais de 150 minutos semanais resultaram em uma queda média de 0,89% em comparação ao grupo controle.
Por outro lado, o grupo que não recebeu supervisão dos exercícios apresentou uma redução média do A1C de 0,43%. Quando combinado ao aconselhamento nutricional, a queda de A1C deste grupo foi de 0,58%.
“Os exercícios aprimoram a sensibilidade à insulina, melhorando seu funcionamento”, explicou Zonszein.
Em um artigo que acompanhou a publicação do estudo, Marco Pahor, da Universidade da Flórida, sugeriu que as empresas de planos de saúde deveriam considerar o reembolso dos custos de programas de exercícios estruturados ou mensalidades de academias.
Ele ressalta que um estudo mostrou que idosos que frequentavam uma academia por mais de duas vezes semanais durante dois anos apresentaram uma redução de custos de US$1.252 em comparação aos idosos mais sedentários.
“Dados os benefícios dos exercícios físicos na prevenção do diabetes, no tratamento do diabetes tipo 2 e no aprimoramento da saúde geral de adultos e idosos, talvez seja hora dos planos de saúde considerarem o reembolso de programas de exercícios”, escreveu Pahor.
Zonszein concorda com Pahor. “Isso é importante, mas não é algo que recebe a devida atenção de nosso sistema de saúde atual. Temos cobertura de diálises e cirurgias cardíacas, mas não de atividades físicas para prevenir complicações”, disse ele.
Fonte: Saúde IG
Por, Aline Medeiros
efeitosaude@yahoo.com.br
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