Ao contrário do que muita gente pensa, a felicidade momentânea não é vendida na farmácia mais próxima. Os antidepressivos, erroneamente utilizados por algumas pessoas como calmantes, reguladores do sono ou inibidores da angústia e da ansiedade, são medicações que atuam nos transtornos depressivos e, por este motivo, devem ser tomados apenas sobre prescrição e acompanhamento médico.
Para decifrar algumas das principais dúvidas relacionadas a este tipo de remédio, o Terra conversou com alguns especialistas da área. Eles garantem que a fórmula da felicidade não se encontra em cápsulas, e sim, na busca pela real causa dos problemas. Entender a origem das dores da alma continua sendo a forma mais simples - e natural - de encontrar o equilíbrio emocional.
Como agem no cérebro
Ricardo Moreno, coordenador do  Programa Transtornos Afetivos do  Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que os  antidepressivos agem no cérebro aumentando a disposição de substâncias  chamadas neurotransmissores. "O aumento destas substâncias promove uma  série de eventos químicos dentro das células nervosas, que se traduzem  na melhora dos sintomas e sinais da síndrome depressiva."
Antidepressivo x pílula da felicidade 
Os especialistas são enfáticos: não existe hormônio da felicidade. "O  que existe são os neurotransmissores funcionando adequadamente", diz  José Paulo Pinotti, psiquiatra do Hospital São Camilo. "Eles  proporcionam a sensação de bem estar que se convencionou chamar de  felicidade", conclui.   Moreno complementa: "os medicamentos antidepressivos funcionam em  pessoas com doenças psiquiátricas. Não melhoram o humor ou tornam  indivíduos normais mais felizes".   
Indicações
É preciso critério para perceber a necessidade de uso dos  antidepressivos, segundo explica Amilton Santos Junior, médico  psiquiatra da Unicamp. Ele elenca uma série de fatores, que, combinados e  persistentes por pelo menos duas semanas, podem representar indícios de  algum distúrbio psicológico que exija este tipo de medicação, mas  sempre com acompanhamento clínico.   
Amilton indica como pontos de observação: "humor deprimido na maior parte do dia, diminuição do interesse e prazer nas atividades, perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta, insônia ou excesso de sono, agitação, fadiga ou perda de energia quase todos os dias, sentimento de inutilidade, culpa, dificuldade de concentração e pensamentos de morte".
Ele ressalta que, para indicar algum problema mais sério, estes sintomas devem causar sofrimento significativo ou prejuízo na vida social.
Contra-indicações 
De acordo com os especialistas ouvidos, os antidepressivos são bem  tolerados por qualquer tipo de pessoa, porque cada grupo de medicação  atende a uma necessidade diferente. No entanto, a avaliação sobre as  contra-indicações deve ser feita pelo médico, que irá avaliar o  comportamento do paciente e condições especiais.   
Reações adversas
De um modo geral, as reações mais comuns são as alterações do sono e  apetite, mudanças intestinais e dores de cabeça, segundo indica Pinotti.  Ele afirma que, para minimizar os problemas, basta seguir a indicação  de um médico e jamais tomar por conta própria. "Só use os remédios  prescritos e pergunte a o seu médico quais efeitos esperar. Tenha uma  forma de contatá-lo e siga corretamente as orientações".  
Dependência 
De acordo com Amilton, os antidepressivos não causam dependência  química. "O que pode ocorrer é que alguns desses medicamentos, quando  suspensos abruptamente, podem causar sintomas físicos como náuseas,  dores de cabeça e alterações gastrointestinais".    
 "Hormônios da felicidade" alternativos 
Cuidar da saúde mental é extremamente importante, pois impacta em muitos  fatores da vida. De acordo com Pinotti, quando os neurotransmissores  estão em suas condições normais, a pessoa "tem disposição para cuidar-se  mais e tende a ter hábitos mais saudáveis."  
Segundo o psiquiatra Amilton, ações que visem a melhor qualidade de vida, como atividade física regular, alimentação equilibrada, relacionamentos sólidos com familiares e amigos, vida sexual saudável e até mesmo grupos religiosos "constituem importantes estratégias para a promoção da saúde mental".
Para Sandra Maia, psicóloga clínica e psicoterapeuta, sintomas como como ansiedade, depressão, insônia ou sobrepeso, são apenas avisos de que algum equilíbrio se rompeu. "O sintoma não é o vilão, ele é um alerta, portanto, antes de eliminá-lo, é preciso traduzi-lo, compreender o que ele está querendo nos dizer que está errado a nosso respeito e que não estamos percebendo".
Ela acredita que os antidepressivos viraram uma válvula de escape  acessível, que traz uma aparente sensação de preenchimento de forma  rápida e eficaz. Por isso, ela alerta: "o medicamento não tem a  propriedade de alterar o cenário de uma vida, portanto, se nos limitamos  a tomar o medicamento e não nos mobilizamos em direção a fazer as  alterações que a vida está pedindo, ao pararmos a medicação, tudo tende a  voltar à estaca zero". 
Fonte: Bem Estar Terra
 

 
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